Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) – Redes elétricas em todo o mundo ainda precisam se preparar totalmente para lidar com os chamados “carros voadores”, disse à Reuters um executivo da Eve, fabricante de veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOLs) controlada pela Embraer.
O vice-presidente de soluções de serviços e operações da empresa, Luiz Mauad, afirmou em entrevista que a nascente indústria ainda enfrenta desafios no fornecimento de energia para que as aeronaves elétricas possam ser recarregadas.
Ele acredita, porém, que eles serão superados a tempo de a empresa atingir seu objetivo de iniciar operações comerciais em 2026.
Mauad disse que a empresa tem conversado com companhias de distribuição e geração de energia sobre como chegar à infraestrutura adequada para a operação dos eVTOLs, incluindo nos chamados “vertiportos”, de onde as aeronaves irão decolar e pousar.
“As grandes cidades a gente observa que já estão mais bem preparadas, quando conversamos com as empresas elas dizem que já têm um estudo de grid de distribuição mais profundo e as demandas são maiores, então você consegue adaptar e reposicionar para chegar”, disse Mauad.
“O desafio nas grandes cidades é chegar exatamente no que a gente chama de vertiporto, você colocar a carga lá na ‘última milha'”.
Ele afirmou que a Eve está em posição de realizar parcerias com empresas de energia para ajudá-las a desenvolver a infraestrutura necessária, lembrando que no Brasil a empresa já tem discutido projetos com a EDP.
“As rotas dos nossos clientes ainda não estão exatamente definidas, os pontos A e B, então assim que for evoluindo o entendimento as empresas de distribuição e geração podem entrar e realmente falar ‘olha, esse aqui está tranquilo; esse aqui vai precisar de um pouco mais de tempo e de trabalho”, disse Mauad.
Mesmo antes de iniciar a produção, a Eve já possui uma carteira de pedidos de até 2.850 aeronaves, com clientes em países como Brasil, Estados Unidos, Índia e França.
O eVTOL da empresa está sendo desenvolvido para ter um alcance de 100 quilômetros, mas a distância média percorrida provavelmente será de 30 km.
Mauad afirmou ainda que discussões sobre a criação dos vertiportos também estão avançando, destacando que estudos hoje mostram que eles poderão ser tão pequenos quanto um heliporto ou ter portes maiores, com vários “stands” e terminais de passageiros, dependendo da demanda e da área disponível.
“Todo mundo (no setor) vai aprendendo conforme a gente vai andando.”