O primeiro trabalho de Gillian Flynn nos cinemas como roteirista foi em “Garota Exemplar”. Com um começo triunfal de carreira na sétima arte, Gillian trabalhava como crítica de televisão na Entertainment Weekly e ficou desempregada durante a recessão, em 2009. Daí decidiu mudar de profissão e as coisas deram certo. De lá para cá, ela escreveu “Lugares Escuros”, “Objetos Cortantes”, “As Viúvas” e “Utopia”.
“Garota Exemplar” tem um roteiro surpreendente, inteligente e instigante. Sob a direção de David Fincher, um dos maiores diretores de todos os tempos, o longa-metragem foi incluído na lista dos 200 melhores filmes já feitos do IMDb; foi indicado ao Oscar de melhor atriz para Rosamund Pike; foi aclamado pela crítica; e faturou quase 370 milhões de dólares nos cinemas, se tornando a maior bilheteria de Fincher.
É difícil escolher o melhor trabalho de David Fincher como diretor, até porque seu currículo inclui 95 produções. Extremamente prolífico e competente, ele já foi indicado a três Oscars de melhor direção, por “Mank”, “A Rede Social” e “O Curioso Caso de Benjamin Button”. Embora esses trabalhos sejam impressionantes, seus filmes também incluem “Zodíaco”, “Millennium: Os Homens que não Amavam as Mulheres”, “Clube da Luta”, “Vidas em Jogo”, “Seven: Os Sete Crimes Capitais”, além das séries “Mindhunter” e “House of Cards”.
Em “Garota Exemplar”, acompanhamos as investigações pelo desaparecimento de Amy (Pike). O marido, Nick (Ben Affleck), aparece na televisão aflito e desamparado pedindo notícias de sua esposa. No entanto, conforme a polícia avança e encontra pistas, além de fragmentos de um diário mantido por Amy, Nick se torna o principal suspeito.
Evidências de violência doméstica, traição, dívidas, apostas e fraude em um seguro de vida aumentam a pressão sobre Nick e a imprensa começa a massacrá-lo. Mas nem tudo é o que parece. Enquanto o filme se desenrola, o suspense se torna ainda mais complexo e ardiloso.
O roteiro impressionante de Gillian Flynn havia sido comprado por Reese Witherspoon, dona da produtora “Pacific Standard”, em 2012. A atriz tinha intenções de protagonizar o longa-metragem, mas foi dissuadida por David Fincher, que a mostrou que ela não era a pessoa ideal para o papel de Amy.
O cineasta contratou Rosamund Pike, que tinha 35 anos à época, e poderia se parecer tanto com alguém da sua idade, como alguém mais nova. Essa versatilidade em sua aparência ajudou na interpretação de Amy, como podemos ver que sua face se transforma ao longo do filme. Além disso, Fincher também procurava uma beleza misteriosa, ao estilo Faye Dunaway.
Um elemento utilizado por Fincher para construir o mistério é a trilha sonora, de Trent Reznor e Atticus Ross, que soa aparentemente calma, mas provoca incômodo no espectador, deixando-o apavorado.
“Garota Exemplar” termina uma história bem diferente da que começou e, embora seja um filme lento e longo (aproximadamente duas horas e meia), sua tensão do início ao fim não deixa o público cochilar. Essa característica é bem particular do próprio Fincher, cujos melhores filmes se elaboram meticulosa e lentamente e explodem em desfechos impressionantes, carregando suspense ao longo de toda história e deixando o espectador completamente envolvido.
Título: Garota Exemplar
Direção: David Fincher
Ano: 2014
Gênero: Suspense
Nota: 10/10