O ponto nevrálgico da disputa tecnológica entre americanos e chineses tem sido a forte limitação que os Estados Unidos conseguiram impor à exportação de processadores e chips semicondutores para a China.
O tema é relevante pois a China, embora seja capaz de produzir quase tudo, tem na tecnologia de chips seu calcanhar de Aquiles. O país depende de manufatura estrangeira para alimentar sua insaciável indústria tech.
Não à toa, uma das jogadas mais efetivas executadas na administração Biden contra seu arquirrival oriental foi a aprovação, no Congresso, do Science Act, que despeja bilhões de dólares em subsídios para pesquisas de novos chips e permite compartilhar patentes com empresas de Taiwan, Coreia do Sul, Alemanha e Japão.
O movimento foi um óbvio esforço em bloquear o caminho dos chineses nesta indústria absolutamente estratégica para a economia global contemporânea.
No entanto, ocorrerá em Nanjing, na China, um fórum de tecnologia organizado pela fabricante taiwanesa TSMC. A empresa é uma das maiores produtoras mundiais de chips. Isolar as companhias chinesas de acesso às tecnologias da TSMC era um dos objetivos centrais (e ocultos) do Science Act.
De acordo com a imprensa chinesa, o CEO da TSMC em pessoa, C.C. Wei, estará no fórum, em que serão apresentados novos modelos de processadores da empresa. C.C. Wei confirmou ainda encontros com executivos chineses do grupo Alibaba e com Lingjie Xu, um dos fundadores da Biren. Xu é um ex-engenheiro chefe da Nvidia e carrega consigo muitos segredos industriais que colheu em sua bem-sucedida carreira em companhias do Ocidente, agora a serviço da Biren.
O recado não-verbal que tais visitas de C.C. Wei às corporações chinesas de tecnologia entrega é de que a TSMC parece descer do muro, aceitando colaborar com a China que, de mais a mais, é o maior mercado consumidor de chips no mundo.
Atualmente, a TSMC mantém fabricas de processadores na China, porém, tais plantas fabris produzem chips de tecnologias menos avançadas, como os “wafer” de 12 polegadas.
A TSMC, no entanto, detém habilidades para produzir chips de ponta, como os baseados em arquitetura de 7 e 5 nanômetros, atualmente os mais sofisticados da indústria.
Neste contexto, atrair executivos de peso da taiwanesa TSMC para reuniões em seu país, é um inegável ponto a favor da China na renhida disputa pela supremacia da indústria global de tecnologia.