Há cerca de um ano no cargo, a ex-jogadora concedeu entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva e falou sobre a experiência vivida até o momento. Fofão afirmou que tem sido divertido trabalhar com jovens e exaltou a possibilidade de fazer parte do crescimento de possíveis futuras atletas profissionais. Inclusive, ressaltou que um dos seus objetivos é ver as meninas seguindo no voleibol.
“Está sendo divertido, eu sempre levo para o lado divertido você poder trabalhar com pessoas que estão começando, que ainda estão ‘cruas’, em termos de voleibol, aprendendo e ver que temos talento vindo aí. Isso me dá muita motivação, poder trabalhar com meninas jovens e que têm o sonho de chegar a uma Seleção. Porém, vem juntar responsabilidade, né? Porque praticamente estou formando essas meninas dentro de uma Seleção. Mas, acho que é muito bom a gente poder mostrar os novos valores, dar oportunidade e quem sabe eu consiga fazer um trabalho bom e ver elas na Seleção adulta algum dia”m disse.
“Quero crescer, eu tenho o objetivo de vê-las na Seleção algum dia. Acho que tudo começa agora, então a minha responsabilidade é de fazer com que elas gostem de estar ali, queiram estar jogando, porque o objetivo é que elas deem sequência. Senão, meio que o trabalho não não vai ser muito válido. Se de repente elas pensem: ‘ah, não quero mais jogar vôlei, eu desisti disso’, aí eu vou ficar meio chateada. Então, se eu conseguir ver nem que seja… O que for em uma Seleção adulta, já vou me sentir fazendo parte”, continuou a treinadora.
Fofão prega cautela para falar do futuro como treinadora da Seleção
Apesar de já colher frutos, como a medalha de prata no Campeonato Sul-Americano sub-17, disputado entre setembro e outubro do ano passado, e a vaga no Mundial da categoria, que acontece em 2024, Fofão ainda adota cautela para falar sobre o futuro como técnica. Sem dizer que se vê no comando da Seleção principal algum dia, a ex-atleta prefere “deixar as coisas caminharem”.
“Não sei [se deseja de chegar à Seleção principal como técnica]. Ter sido técnica de Seleção sub-17 já foi uma grande surpresa, então estou deixando as coisas acontecerem. Aprendendo, fazendo um bom trabalho e ver aonde que eu posso chegar. Vamos deixar as coisas caminharem”, declarou.
Primeira mulher a assumir o comando de uma Seleção Brasileira de vôlei, Fofão tem papel de relevância na luta pela maior abertura de portas para o gênero em cargos de liderança no esporte. A treinadora comentou sobre o assunto e reforçou a importância da iniciativa para as demais mulheres.
“Acho que as portas estão começando a se abrir. Estou sendo precursora de um caminho que não existia para as mulheres. Agora estamos vendo a possibilidade. Antigamente, você não tinha referências ali, não tinha uma mulher e você pensava que não seria possível. Hoje não, eu estou sendo meio que usada para isso, para poder mostrar para as mulheres que é possível, sim, estarmos lá. Acho que falta oportunidades, lógico. Tem muitas mulheres que trabalham, mas até a mentalidade de ex-atletas está mudando um pouquinho em relação a isso, de achar que na não é possível ser uma gerente, uma supervisora, uma técnica. Hoje, todo mundo está podendo pensar: ‘não, eu quero’. Isso está muito bacana, essa movimentação e, se a gente fortalecer isso, começar a ver mais mulheres, acho que começa a contagiar. E aí, todo mundo fala: ‘vamos agora em peso dominar isso’, porque acredito que precisa muito das mulheres estarem na frente do que for, do que ela tiver vontade”, finalizou a ex-jogadora.
Além do título na China, Fofão foi a primeira atleta do vôlei a disputar cinco edições de Jogos Olímpicos (1992, 1996, 2000, 2004 e 2008). Ela também foi prata em três edições do Mundial (1994, 2006 e 2010) e ouro em quatro Grand Prix (2004, 2005, 2006 e 2008).