A delegação brasileira, até o momento, assegurou sua participação nas seguintes modalidades: atletismo, natação, vôlei sentado (masculino e feminino), goalball (masculino), futebol de cegos, ciclismo, hipismo, canoagem, remo, taekwondo, tiro esportivo, tiro com arco, bocha e tênis de mesa.
As quatro últimas modalidades se garantiram em Paris em razão do desempenho dos atletas brasileiros nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago, quando o Brasil fez a melhor campanha da história do evento continental, com 343 medalhas no total, 156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes.
No atletismo, a Seleção Brasileira conquistou 37 vagas após a participação no Mundial de Atletismo de Paris, em junho de 2024. À ocasião, o Brasil conquistou 14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes, o que lhe deu a segunda colocação no quadro geral de medalhas, com mais pódios totais do que a China, que encerrou na liderança por ter obtido dois ouros a mais.
Na natação, 12 vagas foram confirmadas após a campanha do Brasil no Mundial de Manchester, de julho a agosto de 2023, no qual o país obteve 46 medalhas (16 ouros, 11 pratas e 19 bronzes), números que o deixaram na quarta posição.
A Seleção Brasileira de futebol de cegos se classificou com a medalha de bronze na Copa do Mundo da modalidade, disputada em agosto de 2023 e inserida nos Jogos Mundiais da Federação Internacional dos Desportos para Cegos (IBSA, na sigla em inglês).
Já a equipe nacional de goalball masculina foi campeã mundial em Portugal, em dezembro de 2022, e também garantiu de maneira antecipada sua presença em Paris por ser finalista daquela competição, um dos critérios de classificação.
As vagas do vôlei sentado também vieram com títulos. A Seleção feminina venceu o mundial da modalidade disputado na Bósnia, em 2022, enquanto o time masculino foi campeão do Zonal Championship, disputa continental realizada em 2023 no Canadá.
Em fevereiro de 2023, o ciclismo paralímpico brasileiro garantiu duas vagas, sendo uma no masculino e outra no feminino, obtidas a partir do ranking internacional por nação. Pelo mesmo critério, o Brasil também poderá levar, até o momento, dois representantes do hipismo.
Em agosto, a Seleção Brasileira de canoagem paralímpica obteve suas vagas no Mundial da modalidade, disputado em Duisburgo, na Alemanha. Ao todo, foram seis medalhas e quatro vagas para os Jogos nas seguintes classes: VL2 e KL1 no masculino, e VL3 e VL2 no feminino.
Em setembro, a paulista Claudia Santos conquistou a primeira vaga do remo brasileiro ao encerrar a disputa do Mundial em Belgrado, na Sérvia, com a sétima colocação na classe PR1 1xW (atletas com função mínima ou nenhuma função de tronco). No taekwondo, o Brasil terminou o ano com cinco vagas, que pertencem ao país e não aos lutadores, por meio do ranking mundial.
Para Paris, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) tem a expectativa de convocar cerca de 250 atletas com deficiência. Na última edição, em Tóquio, foram 235 esportistas, oportunidade em que o país não teve representantes no rúgbi em cadeira de rodas e no basquete em cadeira de rodas. O recorde de participantes brasileiros foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas em todas as 22 modalidades.
Na história dos Jogos Paralímpicos, o Brasil já conquistou 373 medalhas (109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze), ou seja, está a 27 do seu 400º pódio no evento.
Na última edição, Tóquio 2020, o país fez a sua melhor campanha com 72 medalhas no total, a mesma quantidade obtida nos Jogos do Rio 2016. Destas, 22 foram de ouro, superando as 21 de Londres 2012. Ainda foram mais 20 pratas e 30 bronzes no Japão.
Antes do início dos Jogos de 2024, os atletas brasileiros farão uma aclimatação na cidade francesa de Troyes, a 160 km de Paris. O presidente do CPB, Mizael Conrado, assinou o acordo no último mês de julho, no Centre Sporttif de L’Aube Troyes, espaço onde os esportistas ficarão hospedados até o início do megaevento.
Carol Santiago
Na expectativa de disputar sua segunda edição do megaevento, a nadadora pernambucana Carol Santiago, 38, da classe S12 (baixa visão), explicou como está a sua preparação. Após subir ao pódio cinco vezes nos Jogos de Tóquio 2020, ela se tornou a maior medalhista brasileira na capital japonesa.
“Há uma diferença grande entre a atleta que estava em Tóquio e aquela que vai chegar a Paris. Eu achava que estava completamente amadurecida no Japão, mas, hoje, vejo que consigo controlar melhor minhas emoções. O caminho para Tóquio deu certo e, agora, é mais fácil segui-lo. Vou aproveitar esses últimos meses para dar uma lapidada e trabalhar o psicológico. Tenho certeza de que chegarei preparada em todas as áreas, com o trabalho de toda a minha equipe”, avaliou a pernambucana, que nasceu com síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
Carol também comentou que está ansiosa para competir com torcida, já que os Jogos de Tóquio ainda foram disputados sob restrições impostas no combate à Covid-19. “Tive uma amostra no Parapan (Santiago 2023) de como é ter este apoio e estou animada para sentir isso em Paris”, continuou a atleta, dona de oito medalhas no último Mundial de natação paralímpica, em Manchester, disputado em 2023.
As conquistas de Carol, que, desde 2019, subiu 33 vezes ao pódio em missões internacionais pelo Brasil (cinco em Jogos Paralímpicos, 19 em Mundiais e nove em Parapans), a colocaram em evidência na natação paralímpica mundial. No entanto, a atleta não gosta de carregar o peso do favoritismo.
“Eu fui campeã em três provas nos Jogos de Tóquio, mas, depois que subi no pódio, outra história começou a ser escrita. Respeito demais minhas adversárias, que são minhas amigas, e as observo sempre, assim como elas me respeitam também. Em uma competição como os Jogos, tudo pode acontecer. A gente procura entrar com todo o cuidado, tentando não cometer nenhum erro”, finalizou a recordista mundial nos 50m livre, com o tempo de 26s65 registrado no Mundial de Manchester.
Em Tóquio, ela foi campeã paralímpica nesta prova com a marca de 26s82, ou seja, baixou quase 20 centésimos durante o ciclo.
Confira os números de atletas brasileiros classificados por modalidade:
6 – goalball masculino
24 – vôlei sentado (masculino e feminino)
8 – futebol de cegos
3 – tiro com arco (time misto composto [dois atletas] e individual masculino composto – classe WH1)
1 – tiro esportivo
6 – tênis de mesa
5 – bocha (time BC1/BC2 [três atletas]) e pares BC3
4 – canoagem
5 – taekwondo
37 – atletismo
1 – remo
2 – ciclismo (masculino e feminino)
12 – natação
2 – hipismo
A soma ainda não considera as seis atletas da Seleção feminina de goalball, que recebeu um convite da Federação Internacional de Esportes para Cegos após a vaga africana não ser preenchida.